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Três em cada quatro portadores do Alzheimer não sabem que têm o mal
27/9/2011
Pessoas envelhecem e vão perdendo a memória, certo? Não, não é para ser assim. A Alzheimer's Disease International, uma organização global voltada para o Alzheimer, lançou ontem um relatório que alerta para o descuido em relação a um dos principais sintomas da doença. Segundo o estudo, há 36 milhões de idosos portadores do mal em todo o mundo, três quartos deles (ou 28 milhões) ainda sem diagnóstico. Para se ter uma ideia de como isso é grave, somente nos Estados Unidos o número de mortes provocadas pela patologia cresceu 66% entre 2000 e 2008. O mais impressionante é que a falta de atenção com os pequenos esquecimentos começa em casa e, muitas vezes, acaba se repetindo nos consultórios médicos.
O Alzheimer é uma doença degenerativa que afeta os neurônios, provocando a perda gradual da memória e das funções cognitivas. O problema, dizem especialistas, é que há uma confusão entre os sintomas da patologia e o processo natural da velhice. "A população em geral acha que a demência, especialmente em seu estágio inicial, é algo normal entre os idosos", lamenta Martin Prince, pesquisador do Instituto de Psiquiatria do King's College London e um dos responsáveis pelo relatório da Alzheimer's Disease International. "O diagnóstico é estigmatizado, uma vez que as pessoas apenas relacionam o Alzheimer a sinais mais avançados, confundidos com 'loucura' ou 'desordem mental'", disse ele.
E o descuido não ocorre apenas na família. A maioria dos médicos que trabalham com atenção primária à saúde não é treinada para identificar a doença em seus estágios iniciais. Isso porque o diagnóstico do Alzheimer depende de um série de exames clínicos e psicológicos, feitos por meio de entrevistas e testes de memória, de linguagem e de atenção. "Não é como no diabetes, onde você dosa a glicemia e confirma se a pessoa está doente. Não há um marcador biológico definido", esclarece Ivan Okamoto, professor da Escola Paulista de Medicina.
Além disso, muitos profissionais não conhecem as possibilidades de tratamento. "Medicamentos usados hoje em dia para retardar a evolução do Alzheimer chegaram ao mercado nos últimos 15 anos. Muita gente que se formou antes disso sequer tem ideia de que é possível modificar o curso da doença", aponta Okamoto. A ingestão de drogas adequadas pode dar até seis anos de autonomia para os pacientes, diz o especialista. O relatório divulgado ontem também reforça essa tese. Os psiquiatras que assinam o texto recomendam a administração de inibidores da acetilcolinesterase, remédios que melhoram o funcionamento dos neurotransmissores dentro do cérebro.
O Sistema Único de Saúde (SUS) distribui gratuitamente esses medicamentos, mas apenas quando há um documento médico que detalha o diagnóstico de Alzheimer. "Um estudo recente, no Rio Grande do Sul, mostrou que 70% dos profissionais não descreve a doença conforme a exigência do governo brasileiro, ou seja, muita gente perde a oportunidade de se tratar adequadamente", conta a pesquisadora Cleusa Ferri, brasileira que também assina o relatório da Alzheimer's Disease International. "Se você tem 70 anos e começa a esquecer as coisas, as pessoas acham que isso é normal. Mas não é", reforça. Os especialistas estimam que 90% dos portadores da doença não têm tratamento adequado em países como o Brasil. Em nações ricas, esse índice varia de 50% a 80%.
A informação sobre o Alzheimer também garante que os pacientes pensem sobre o seu futuro com antecedência. "Hoje, as pessoas são diagnosticadas em um estágio tão avançado que não conseguem participar de nenhuma decisão sobre o tratamento", observa Cleusa. O portador da doença pode, por exemplo, definir onde quer morar, quem será seu cuidador e que tipo de rotinas faz questão de manter. O diagnóstico precoce ajudaria, ainda, a reduzir gastos públicos. Nos Estados Unidos, o governo desembolsou US$ 202 bilhões somente no ano passado para tratar idosos portadores do mal. Esse valor pode chegar a US$ 1 trilhão anual em 2050, segundo estimativas da associação norte-americana de Alzheimer.
As cifras refletem as necessidades dessa população: pessoas com a doença podem viver até 20 anos depois do diagnóstico, mas 95% delas sofrem também com outros problemas crônicos de saúde, como o diabetes e as doenças cardiovasculares. "Além dos longos períodos de hospitalização, conforme o Alzheimer progride as pessoas necessitam de cuidados mais intensivos", destaca Robert Egge, vice-presidente de Política Pública da Alzheimer's Association dos EUA. "Até agora, a ação do governo não reflete o peso da expansão humana, social e econômica da doença", acrescenta.
No Brasil, o problema é ainda mais sério. "Temos que chamar a atenção dos legisladores o quanto antes para que as políticas de saúde contemplem o Alzheimer", afirma a pesquisadora Cleusa Ferri. No Reino Unido, demorou quase 100 anos para que os idosos representassem 20% da população. No Brasil, esse fenômeno ocorreu em poucas décadas. "Vai ser cada vez mais difícil estar preparado para cuidar das pessoas mais velhas", alerta a psiquiatra brasileira. "Se algo deve ser feito, tem que ser agora."
Resultados preliminares de um estudo norte-americano revelados em um congresso no Havaí mostram que o uso diário de um spray nasal de insulina ajudou a melhorar o raciocínio e a memória de portadores do mal de Alzheimer. A pesquisa foi feita com 104 pacientes com sintomas de leves a moderados da doença ou com uma espécie de problema que antecede o Alzheimer, a deficiência cognitiva amnésica branda (MCI, na sigla em inglês).
"Nossos resultados sugerem que a administração da insulina intranasal pode ter um benefício terapêutico para adultos com a MCI ou com o mal de Alzheimer", relataram Suzanne Craft, da Escola de Medicina da Universidade de Washington, em Seattle, e colegas dela, na revista Archives of Neurology.
Fonte: Prontuário de Notícias
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